terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Estratégia de Guerra

Você irá chegar no portão, irei abrir como sempre faço, abrir a porta e iremos entrar. Caminharemos até o meu quarto. Eu vou sentar na cama enquanto você permanece em pé, perto da minha cômoda começaremos, então, nossa pequena disputa de gênios. Esse maldito jogo que não sei se quero jogar e, por conta disso, sempre perco.
Você, por ser o campeão, e o mestre de cerimonias desse pequeno show, lançará a primeira questão com toda sua calma e frieza:
-O que você tem?
Eu aparentando segurança, cruzarei os braços e rapidamente pensarei numa estratégia para poder pensar melhor em uma resposta. Irei jogar uma das minhas cartas bônus:
-Como assim?
Você já esperava, sou previsível como jogadora, você sabia que eu perguntaria isso. Você sempre fica na dúvida se realmente não entendi a pergunta ou se estou tomando tempo para pensar, tem que ser rápido para responder pois não pode demonstrar dúvida:
-Não sei, você anda estranha.
Na lata. Direto. Gosto disso, mas sei que na verdade tem algo por detrás.
-Uai, por quê?
O uai visa demonstrar uma certa descontração e calma que na verdade não existem, mas minha voz não aparenta. O “por que”, é para ganhar informações antes de responder e ao mesmo tempo te enrolar. Preciso de tempo. Você suspira, pensa seriamente se está a hora de jogar com tudo ou se mantem isso por mais tempo.
-Você está fria, não responde as coisas direito, evasiva!Realmente parece que você não tem vontade de estar comigo e nem queria que eu viesse aqui hoje! A hora que parei no portão quase fui embora quando vi a cara que você estava olhando para mim. Você não quer mais ficar comigo.
Jogou com maestria, agora fico sem muitas opções: ou assumo que gosto de você, que na verdade estou assim pois estou chateada por que isso que você pensa de mim eu penso de você, ou assumo a posição de quem realmente não se importa, essa última significa que posso te perder e encerrar a discussão naquela hora, como também significa manter a discussão e continuar com você.
-Claro que quero ficar com você! Senão não estaria
Você rebate:
-Ah não sei, acho q você não quer me magoar...
-Não tenho motivos para não querer te magoar.
Demonstro meu nervoso nessa hora, o medo de te perder atrapalha tudo, a ideia de que se eu fizer a coisa certa você pode dormir comigo aquela noite  traz uma pressão muito grande. Você percebe e sabe que se fizer a coisa certa ganha o jogo.
-Palavras, mas não é o que sinto entende?
Sua tática é aumentar o meu nervoso, sabe que não iria conseguir me controlar, isso seria um erro e não sei jogar bem depois que cometo o primeiro erro.
-Entendo. Mas você está errado, eu gosto de você! Eu fico chateada também, eu também tenho sentimentos!
Você conseguiu , me irritei, e explodi, falei o que queria dizer há muito tempo, fui honesta.
-Você está tentando consertar.
Eu sei o que ele quer, que eu fique insistindo dizendo que gosto dele demais que não é nada disso...Por outro lado, resta a dúvida, ele estava estranho então, de fato, pode ser que você realmente esteja na dúvida e isso significa te perder e também perder essa guerra. Me desespero.
-Não tenho motivo pra consertar nada. Eu realmente adoro quando você vem para cá, amo sua companhia, adoro ficar com você!
Você percebeu já que me desestabilizou, já viu que vai ganhar, resolve brincar mais um pouco.
-Tá, mas esses dias não tem parecido!
-Como não? Insisti para você vir me ver hoje, te chamei outro dia, lembrei de você na minha viagem, te mando mensagem o tempo todo! Como não parece?
-Tá, mas isso não significa que você queria...enfim.
Eu falo mais umas dez vezes que gosto dele e sou afim dele, estou com raiva e já desisti do jogo, ele percebe que ganhou, mais uma vez.
-Okay! Vou para casa, tenho que estudar.
-Não vai dormir aqui?
-Não prefiro evitar chateações
Sua saída triunfal como sempre, você pois a cereja no bolo, deu xeque-mate em grande estilo. Eu perdi novamente e estou sem chão, sei que enquanto não souber jogar isso jamais vou ganhar, tenho que me esforçar mais, da próxima vez quem sabe...
-Olha fica bem, eu gosto de ficar com você, gosto de conversar com você. Fica bem mesmo, não vá perder o sono.
Ali ele encerra o jogo.
-Pode deixar...Que bom, também gosto.
Abro a porta e depois o portão e ele sai, mais uma vez vencedor. A mim resta o de sempre: dormir com a minha derrota ao invés de dormir com ele. Mas ao menos não perdi a guerra.