segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Erro de percurso.

Talvez já fosse bem mais que duas horas da manhã.
Talvez não.
Aquele dia preferiu não olhar o relógio, companheiro a quem se submetia todos os dias fielmente e, sempre ao olhar que horas estava indo deitar calculava quantas horas iria dormir antes de acordar.
Mas aquele dia não poderia fazer isso pois sabia que não iria dormir tão cedo e olhar as horas passando seria apenas mais uma tortura que ela infringiria a si mesma.
O dilema que a fazia perder o sono era simples, banal, otário. Acontecia que ela estava começando a gostar de alguém e descobrirá, da pior forma possível, que seu novo amor já amava alguém. Sentiu uma dorzinha incômoda assim que ficou sabendo disso. Não sabia como lidar, nem o que fazer, ao fim chegou a conclusão que o melhor era deixar de o procurar, “esquecer não pode ser tão difícil” ela pensou. Porém, quem entende o ser humano? Ele a procurou, enviou uma mensagem, e, entre o sufoco de não saber o que fazer e a vontade de responder o moço, o seu sono sumiu. “Mas que ódio, se ele gosta dela por que me procurar? ” e ao pensar nisso reparou que seus quatro anos de estudo em psicologia haviam sido em vão. Não que ela não soubesse a resposta, só não queria assumir.
Acabou se decidindo as três horas da manhã e vinte e cinco minutos: iria responder a mensagem. Escreveu:
 Pare de ser estúpido e mande mensagem para a pessoa certa. Ambos sabemos que essa pessoa não sou eu.
Sentiu um alívio imenso no peito e dormiu.
Acordou no dia seguinte, não havia mensagem ou ligações do moço. Talvez ele tivesse entendido o recado e resolvido enviar mensagem para a pessoa que ele amava ou talvez tivesse encontrado outra pessoa para tentar a substituir, mas isso já não era mais um problema dela: esquecer não é nem um pouco difícil.