Te amei como se fosse o primeiro, e então, esqueci completamente todos os vínculos passados, não existia mais ninguém além de ti no mundo todo, e ao te olhar meu sorriso brilhava mais. Não interessava quanto tempo estávamos juntos, ou quanto tempo ficaríamos, interessava apenas que estávamos juntos. Eu não contava meses, não havia horas, só havia você. Eu era uma adolescente amando pela primeira vez, meu primeiro namorado, meu primeiro e único amor.
Distante de você, os dias passavam se arrastando e eu
conseguia ver seus defeitos, seus erros, que eram tantos. Mas do seu lado? Eu
só via você, em sua magnitude e beleza (como pode alguém ser tão perfeito? Por
favor me ame, pois se você não me amar eu acho que irei morrer.)
Eu me sentia caindo e me sentia sendo levantada, ao mesmo
tempo, pelo mesmo sentimento, e, como é possível, alguém sentir duas coisas tão
diversas, em um mesmo período de tempo? Talvez por isso, eu nunca tenha
conseguido enxergar como você me amava. Todo amor era pouco, eu sentia uma explosão
dentro de mim toda vez que te via. Eu te amava cada dia mais, mesmo achando
impossível. A expansão desse amor, tal qual a expansão do Universo, criou
buracos negros em mim. E eu chorava, eu lamentava, eu brigava, e você não
entendia. Como iria entender, se eu não conseguia explicar?
Tiveram os erros, os receios, e o pior de tudo, era ter que
voltar a terra, e sua horrível gestão racional toda vez que discutíamos. Eu
queria ficar sobre as nuvens, eu queria só te amar, mas não era possível.
Existiam as diferenças, as dores e os traumas, existia um abismo de distância
entre nossas convicções. E eu me pergunto como tanto amor é possível se todo
resto parecia ruir? Como é possível só o amor não ser suficiente?
Se te digo que não há mais ninguém no mundo para mim, digo a
verdade, mas se disser que existem milhares de pessoas melhores para mim,
também é verdade. Mas é impossível ter você longe da minha vida, não tenho o
que fazer com todo esse amor que dediquei a ti e, sei, que o amor que você tem
por mim é tão grande quanto. Nós nos amamos mais que Eco a Narciso, mais que
Penélope amava Ulisses, muito mais que qualquer romance mitológico que já li, e
é maior por ser um amor real. Com defeitos e falhas. O amor irracional e
incondicional, dolorido e real.
Vejo, ao escrever isso, que por te amar como se fosse o primeiro, acabei te
amando como se fosse o último. E talvez esse tenha sido o maior erro de todos.