Não me lembro quando conheci alguém tão divertida, bonita e inteligente. Devem ter passado uns cinco anos ou mais desde a última vez que me deparei com alguém assim. Sim, naquele momento, eu estava encantado por ela. E, particularmente feliz pelo fato de que, aparentemente, um romance dela tinha dado errado há um mês atrás. Fiz uma anotação mental para nunca contar a ela que fiquei feliz com a ruína amorosa dela.
Foi a primeira vez em anos que passei horas com alguém sem
perceber o tempo passar. E eu queria passar mais horas com ela. E poderia
passar mais horas com ela, o que era incrível também. Ela parecia extremamente
disponível para estar comigo. Ela queria estar comigo, e eu nem precisei fazer
nenhum esforço. Da última vez que saí com alguém o tempo todo, tive que me
esforçar. Esforçava-me para agradar, depois para não parecer muito
"emocionado", e até mesmo para fazer coisas que não estava afim, mas
ela estava. Era um esforço constante, até que me cansei e parei. E o
relacionamento também acabou. E agora, eu estava aqui, diante dessa pessoa
incrível. Parecia um presente de Deus.
Passeamos e conversamos, e no final da noite, acabamos
sentados em frente à casa dela. Era verão, mas a noite estava amena. Ela disse
que precisava entrar. Eu também precisava ir embora, já era alta madrugada.
Percebi que ainda não a tinha beijado naquele instante. Olhei para ela e fiquei
paralisado por alguns instantes; ela tinha um sorriso lindo. Mas a beijei. E o
beijo dela foi fantástico. Foi um prazer indescritível, uma orgia de prazer.
Havia entrega e desejo. Naquele beijo, senti o desejo dela de ficar comigo. Foi
um dos melhores beijos da minha vida. Um encaixe perfeito.
Mas tínhamos que nos despedir. Houve mais beijos de
despedida, abraços, e o fim. Fui embora. Viajava no dia seguinte às dez horas
da manhã para São Paulo, onde eu morava. Conhecer aquela menina foi um presente
grego, a perfeição, a mais pura perfeição que eu não poderia ter. Malditas
férias em Maceió. Longe, muito longe de mim. E impossível de ficar perto, ambos
temos trabalhos, família, amigos...
Definitivamente, São Paulo estava mais cinza quando cheguei.
Por alguns minutos, pensei em largar tudo e simplesmente voltar para Maceió.
Mas eu tinha acabado de ganhar uma promoção no trabalho, e todos sabemos que não
é fácil arranjar emprego no Brasil de 2022. Os colegas de trabalho perguntaram
sobre a viagem: foi boa? Descansou? Se divertiu? Sim, foi ótima, e voltei com
as energias renovadas. Pensei nela o dia todo, mas isso não comentei com
ninguém. Minha irmã almoçou comigo e também perguntou sobre a viagem. Ainda
assim, mantive o silêncio.
Não direi a ninguém, pois não há como expressar o que sinto.
É uma loucura imaginar que me apaixonei assim em tão pouco tempo, apenas quinze
dias. Isso vai passar. Ficaremos bem. E essa paixão será uma lembrança que
trouxe comigo da viagem, guardada para sempre onde ninguém pode alcançar ou
quebrar. Eu ganhei uma promoção, ela ganhou uma bolsa de estudos, e
infelizmente, neste mundo, não podemos ganhar tudo.
Perdemos um romance.