quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Pupilas

Rebeca era uma menina bonita, terrivelmente ansiosa e catastroficamente sentimental. Ela ficava com um cara, era tudo maravilhoso. Ele era ótimo, atencioso, amoroso e parecia estar afim dela. Ela também estava a fim dele, então tudo estava perfeito. Um dia os dois brigaram. Depois de esperar algum tempo ela resolveu ir atrás dele, se reconciliaram, porém, a partir daí, nunca mais a coisa foi a mesma. A pessoa atenciosa que ele era sumiu, ele ia a casa dela esporadicamente, já não saiam juntos, ele não ligava, nem mandava muitas mensagens, vez por outra conversava com ela pela internet, mas não publicava nada sobre ela, como fazia antes, pararam de dormir juntos, pararam de fazer sexo, conversavam um pouco e depois ele ia embora, alegava cansaço, preguiça, alegava tudo que podia para não conversar com ela por muito tempo, nem ficar muito por lá.
Ela, por sua vez, sofreu alguns dias e depois foi enjoando. Aquele relacionamento estava chato, não gostava de nada que fosse chato. Por outro lado gostava dele e então se viu sem saber o que fazer, afinal, ela podia estar errada, ele ainda podia gostar dela, só estava um pouco diferente. Sei lá. Existem milhões de coisas que mulheres amam falar a si mesmas para se confortar/iludir. No supra sumo de seu desespero leu que quando as pessoas estão apaixonadas suas pupilas dilatam,era fato cientificamente comprovado. Ela se tornou uma obsessiva pelas pupilas dele, tinha que ver se elas dilatavam, se estiverem dilatadas ainda existia salvação!
No dia quatro de fevereiro de 2013 por fim ele foi a casa dela e ela olhou na sua pupila. Não estava dilatada. Na hora que ele estava saindo ela o chamou e disse:
-Foi ótimo enquanto durou nosso relacionamento e tudo mais, mas não dá mais, infelizmente queremos coisas opostas.
Ele sem entender a olhou e perguntou:
-Por quê?
-Sua pupila não estava dilatada.
E após responder isso ela fechou o portão, a porta e nunca mais quis ve-lo novamente. Ele achou que ela era mais uma das várias mulheres loucas que já tinham passado pela vida dele. Enfim vai entender, vai ver que no fim todas as mulheres dele só ficavam loucas depois que descobriam que a pupila dele não dilatava.

Engraçado é que nenhuma delas ao menos de dignou a explicar o fato para ele, caso o tivesse feito descobriria que ele tinha um raro problema ocular: suas pupilas nunca dilatavam.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Eu quero ser esquecido, ela quer ser admirada...

Existe uma música do Strokes chamada “What ever happends?”. Toda vez que a ouço, lembro de mim e de alguns amigos próximos. Nossas situações amorosas são parecidas com partes dessa música. Claro que ao colocar essa trilha sonora em nossas histórias amorosas estou florindo uma desgraça, pois é isso que é o amor: uma desgraça e a paixão é uma praga. Porém a paixão consegue ser melhor que o amor. Ela passa. Nossas vidas não se resumem a amar e ser amado, não somos tão carentes ou inocentes assim, mas a grande maioria de nós já provou o fel do amor e quer esquecê-lo com uma entrega carnal ou com ambições fatais. Não somos bons o bastante para o amor, ou não é esse o ponto?
O que, entre nós, mais bebe desse cálice e sem recusável medo o assume não é o mais feliz sempre, mas o mais feliz temporariamente, ele nos prova todos os dias que o amor não é felicidade, que o amor é o amor e ponto, único e independente nada se compara a ele e nada é ele. Eu já fugi, todos fugimos, e já fomos de encontro a esse sentimento e nada ainda deu certo.

Nos rasgamos e nos enterramos em bares por isso, desejamos queimar a casa ou cortar os pulsos, nada adianta, nada vale quando se sente isso. Nós continuamos nos desencontros da música, brincando de chegar e partir, se envolver e correr, cair e carregar, até, por fim, esquecermos o amor ou preencher o vazio que sua falta nos faz.

sábado, 5 de outubro de 2013

Moços e maçãs

Ali estava ela, novamente, fazendo a feira semanal, cansada e desanimada: o dia tinha sido insuportável. Mas precisava fazer a feira, comprar frutas e suas verduras pro almoço do dia seguinte, além disso o varejão era quase ao lado de sua casa.
Já havia comprado tudo e estava chegando no caixa, quando de repente viu uma maçã vermelha. Não uma maçã vermelha qualquer, uma maçã argentina, grande e bem vermelha, era tão linda que parecia de mentira, era o tipo de maçã que faz com que todas as outras se tornem feias e insossas. Igual aquelas mulheres que são tão lindas e espetaculares que quando chegam em um lugar fazem com que todas as outras percam seu brilho. Isso era aquela maçã. Sem pensar duas vezes ela se encaminhou para a maçã, estendeu a mão e sentiu uma outra mão encostar na dela. Olhou para o lado, eram as mãos de um homem.
-Desculpa, pode ficar com ela moça.
-Não, tudo bem, pode levar. . .
Se olharam por dois minutos rápidos.
-De verdade eu insisto, eu não tinha visto que você estava vindo pegar. . .
-Eu também não.
Os dois riram.
-Pois é . . .Mas por favor leva a maçã.
-Bom está certo, eu realmente gosto muito de maçãs então vou aceitar a proposta.
Ela pegou a maçã.
-Obrigada moço.
Sorriu.
-Imagine, não por isso. . .
Ele também sorriu e se virou para ir fazer o resto das compras, ela continuou seu caminho até o caixa. Pagou as compras e saindo do varejão pegou a maçã e a mordeu com desejo. Esse tipo de desejo que vem como fogo. Mordeu a maçã como se estivesse mordendo as costas e as mãos do moço que havia visto.

Comeu até o caroço. O desejo da maçã passou, o de morder o moço não.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Fim de jogo.

Não deu certo. É tão simples. . .e por outro lado tão complexo. Sempre se pode questionar o por que de ter dado tudo errado assim. Ou simplesmente deixar para lá. Eu como sempre não sei o que faço, então choro descontroladamente.
Sei que vai passar. Até o final dessa semana já esqueci ou melhorei, até o fim do mês já me recuperei completamente, esse é o lado bom de ser inconstante.
Decido por fim sumir por completo da vida dele, por que já sei o que ele tem a me dizer, e não é bom, vai me fazer sofrer, prefiro evitar. É isso mesmo que ele quer, que eu suma. Ele tem trauma de mulheres que correm atrás dele, farei o favor de não ser mais um trauma para ele. Sumirei. Essa é minha melhor mágica, meu melhor número. Depois do drama.

Quero acreditar que é mentira, quero acreditar que estou exagerando, quero por tudo no mundo que ele apareça e diga que exagerei, que estou errado e não é nada disso. Mas duvido muito que isso ocorra. Foi tão rápido que nem posso dizer que ele seja uma decepção. E de qualquer maneira, foi bom enquanto durou, mesmo que tenha durado apenas duas semanas.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Rabiscos I

Uma folha em branco e pelo menos mil ideias na cabeça.
O que escrever? O conto, a cena, meus dilemas? Tudo junto?
Escuto música no quarto e o pensamento está nele, me incomoda pensar tanto nele. Ele não pensa assim em mim e hoje sumiu. Todos precisamos de espaço, não vou atrás dele, nunca se sabe o motivo do sumiço alheio, diz o próprio. Tem festa hoje e nem sei se estou animada para isso. Vou por que vou. Só por isso, sem expectativas, por que vai ser tudo igual: Beber, festa e casa. Tem vezes que entre isso ocorrem coisas, mas hoje duvido, não existe sexo, pois não tem pessoas que me interessam, não tem escândalo por que já fizemos tanto que as pessoas se acostumaram, não tem esperança de achar o amor da minha vida por que não acredito nisso e nem quero. Poderia me apaixonar... Mas já estou apaixonada por uma pessoa que some. Pior, eu também sumo as vezes, só que não costumo voltar muito bem quando sumo. E ele?
Não sei, ainda estou descobrindo as delicias de um amor que começa tranquilo, e é difícil ter calma quando se é desesperada, é difícil resumir as coisas, respirar fundo e não fazer nada. Deixar as coisas correrem por si só é bom, mas dá mais trabalho do que fazer as coisas.
Quero mandar mensagem, quero rabiscar as paredes, quero sair correndo, pegar o carro que não tenho e ir atrás dele. Exagerei agora. Tira a parte do carro. Quero dançar para dissipar toda minha energia, quero beber até esquecer o gosto dele, esquecer que minha pele está ardendo por ele, quero falar com meus amigos. Desejo ser dramática agora. Quero esquecer que tenho compromissos. Quero não responder as mensagens dele, quero ser meu próprio sol, por que ai, quando eu for meu sol, não haverá mais eles, nem elas. Apenas eu. E isso sim seria a coisa mais linda que já vi na vida. Eu seria meu maior amor, então por que desesperar pelos outros?
Fumo, me acalmo, escrevo três contos, minto neles, crio uma realidade que não existe, mas nem por isso deixa de ser interessante. Suspiro, passo a mão pelo corpo. Devia ter ido na academia, mas dormi, devo estar cansada. Devia estar me arrumando para sair, mas estou escrevendo. Tudo atrasado, sempre. Como pode isso?
Minha mão para na coxa, eu a aperto com força, abro as pernas. . .Essa noite dormirei sozinha. Me jogo no colchão.
Daqui umas semanas já não serei a mesma, já não irei querer a mesma pessoa. E se quiser? Já não serei a mesma, vou querer de outra maneira. De modo geral minhas paixões duram menos que os leites da minha geladeira.
Essa noite eu poderia dormir acompanhada. Mas não quero. Quero ele e quero a mim. Não sigo adiante enquanto eu não puder ser meu sol, enquanto eu não me iluminar e não perceber que a coisa mais importante na minha vida sou eu, e que é por mim que tenho que fazer tudo.

Vou me arrumar, espero que não faça frio hoje e que as bebidas estejam boas.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Falência emocional.

Por que me enfiar em algo que sei que é falido?
Me pergunto quantos avisos ainda irei ignorar, e quantas vezes irei tirar as cartas do Tarot atoa. . .
Canalhas que escolho sabendo que são canalhas ou homens que sei que jamais vão se relacionar de fato, e mesmo assim eu insisto. . .Quantas vezes mais eu irei fazer isso
As vezes pareço estar em um pesadelo, bem no meio da bipolaridade emocional, o problema é comigo! Eles são apenas instrumento da minha falta de senso e noção. . .é tão simples! É apenas não os escolher, não se envolver, mas eu me envolvo. Me envolvo por que sempre acredito que vai melhorar, me envolvo por que acredito que as coisas se encaixam:
-Daria tudo tão certo, se não fosse tal coisa!
Eu ignoro a “tal coisa” fecho os olhos, tamanha é minha vontade para que dê certo. Está na hora de sair correndo de mais um relacionamento assim. E para onde devo correr? Para onde ir quando não se quer sair do lugar?
As vezes acho que faço isso para me maltratar, sou meio masoquista, não tem outra explicação. Ou tem? Me perco nas palavras, me perco no mundo que eu mesma crio, sou dramática  e no fim volto sempre ao mesmo ponto. As mesmas coisas, as mesmas relações falidas e os mesmo erros.
Mas há o que me consola, eu também sou toda errada em relacionamentos, sei que mais ou cedo ou mais tarde vai acabar, eu não vou querer mais, me apaixonarei por outro, quantos homens prenderam minha atenção por muito tempo? Quantos homens derramaram lagrimas de mim por muito tempo? De quantos senti saudades infinitas?
Sou tão instável quando os homens que passaram pela minha vida.
E agora novamente é hora de fugir mas meus pés não querem sair do lugar. . .Então tenho um pontapé inicial, tão simples é só não voltar atrás, continuar caminhando sempre em frente e esquecer, mas eu insisto em olhar para trás, eu quero de qualquer maneira voltar e bagunçar tudo de novo!

Na verdade, agora mesmo eu quero paz. Está na hora de insistir em mim mesma, então vou sair correndo, de novo. E por quantas vezes mais forem necessárias.