Ali estava ela, novamente, fazendo a feira semanal, cansada
e desanimada: o dia tinha sido insuportável. Mas precisava fazer a feira,
comprar frutas e suas verduras pro almoço do dia seguinte, além disso o varejão
era quase ao lado de sua casa.
Já havia comprado tudo e estava chegando no caixa, quando de
repente viu uma maçã vermelha. Não uma maçã vermelha qualquer, uma maçã
argentina, grande e bem vermelha, era tão linda que parecia de mentira, era o
tipo de maçã que faz com que todas as outras se tornem feias e insossas. Igual
aquelas mulheres que são tão lindas e espetaculares que quando chegam em um
lugar fazem com que todas as outras percam seu brilho. Isso era aquela maçã.
Sem pensar duas vezes ela se encaminhou para a maçã, estendeu a mão e sentiu uma
outra mão encostar na dela. Olhou para o lado, eram as mãos de um homem.
-Desculpa, pode ficar com ela moça.
-Não, tudo bem, pode levar. . .
Se olharam por dois minutos rápidos.
-De verdade eu insisto, eu não tinha visto que você estava
vindo pegar. . .
-Eu também não.
Os dois riram.
-Pois é . . .Mas por favor leva a maçã.
-Bom está certo, eu realmente gosto muito de maçãs então vou
aceitar a proposta.
Ela pegou a maçã.
-Obrigada moço.
Sorriu.
-Imagine, não por isso. . .
Ele também sorriu e se virou para ir fazer o resto das
compras, ela continuou seu caminho até o caixa. Pagou as compras e saindo do
varejão pegou a maçã e a mordeu com desejo. Esse tipo de desejo que vem como
fogo. Mordeu a maçã como se estivesse mordendo as costas e as mãos do moço que
havia visto.
Comeu até o caroço. O desejo da maçã passou, o de morder o
moço não.
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