Uma folha em branco e pelo menos mil ideias na cabeça.
O que escrever? O conto, a cena, meus dilemas? Tudo junto?
Escuto música no quarto e o pensamento está nele, me
incomoda pensar tanto nele. Ele não pensa assim em mim e hoje sumiu. Todos
precisamos de espaço, não vou atrás dele, nunca se sabe o motivo do sumiço
alheio, diz o próprio. Tem festa hoje e nem sei se estou animada para isso. Vou
por que vou. Só por isso, sem expectativas, por que vai ser tudo igual: Beber,
festa e casa. Tem vezes que entre isso ocorrem coisas, mas hoje duvido, não
existe sexo, pois não tem pessoas que me interessam, não tem escândalo por que
já fizemos tanto que as pessoas se acostumaram, não tem esperança de achar o
amor da minha vida por que não acredito nisso e nem quero. Poderia me
apaixonar... Mas já estou apaixonada por uma pessoa que some. Pior, eu também
sumo as vezes, só que não costumo voltar muito bem quando sumo. E ele?
Não sei, ainda estou descobrindo as delicias de um amor que
começa tranquilo, e é difícil ter calma quando se é desesperada, é difícil
resumir as coisas, respirar fundo e não fazer nada. Deixar as coisas correrem
por si só é bom, mas dá mais trabalho do que fazer as coisas.
Quero mandar mensagem, quero rabiscar as paredes, quero sair
correndo, pegar o carro que não tenho e ir atrás dele. Exagerei agora. Tira a
parte do carro. Quero dançar para dissipar toda minha energia, quero beber até
esquecer o gosto dele, esquecer que minha pele está ardendo por ele, quero
falar com meus amigos. Desejo ser dramática agora. Quero esquecer que tenho
compromissos. Quero não responder as mensagens dele, quero ser meu próprio sol,
por que ai, quando eu for meu sol, não haverá mais eles, nem elas. Apenas eu. E
isso sim seria a coisa mais linda que já vi na vida. Eu seria meu maior amor,
então por que desesperar pelos outros?
Fumo, me acalmo, escrevo três contos, minto neles, crio uma
realidade que não existe, mas nem por isso deixa de ser interessante. Suspiro,
passo a mão pelo corpo. Devia ter ido na academia, mas dormi, devo estar
cansada. Devia estar me arrumando para sair, mas estou escrevendo. Tudo
atrasado, sempre. Como pode isso?
Minha mão para na coxa, eu a aperto com força, abro as
pernas. . .Essa noite dormirei sozinha. Me jogo no colchão.
Daqui umas semanas já não serei a mesma, já não irei querer
a mesma pessoa. E se quiser? Já não serei a mesma, vou querer de outra maneira.
De modo geral minhas paixões duram menos que os leites da minha geladeira.
Essa noite eu poderia dormir acompanhada. Mas não quero.
Quero ele e quero a mim. Não sigo adiante enquanto eu não puder ser meu sol,
enquanto eu não me iluminar e não perceber que a coisa mais importante na minha
vida sou eu, e que é por mim que tenho que fazer tudo.
Vou me arrumar, espero que não faça frio hoje e que as
bebidas estejam boas.
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