Ela fechou os olhos, enquanto observava tudo acontecer. Não
sabia o que dizer ou para onde ir. Parecia, naquele momento, que ela estava
prestes a derreter, assim como tudo ao seu redor; tudo estava desmoronando
lentamente.
A última frase dita ainda ecoava em sua boca: "Espere,
ninguém te ama como eu te amo!" E o som da porta batendo também ecoava em
seus ouvidos, uma batida seca e sem emoção, assim como o relacionamento deles:
sem graça, assim como sua própria necessidade por aquele relacionamento.
Tudo estava amargo, tudo estava ruim, tudo desmoronava. Ela
o procurou (tudo desmoronava), mas não o encontrou em casa (tudo desmoronava).
Ela procurou todas as pessoas que conhecia, mas ninguém sabia (tudo
desmoronando), ele finalmente a havia abandonado (tudo desmoronou). Meses
depois, sua mente ainda estava turbulenta; ela se sentia inútil, e tudo parecia
inútil para ela.
Finalmente, após vários dias de espera, uma noite, ela ouviu
alguém bater à porta e correu para atender: era ele! Ela queria abraçá-lo,
beijá-lo, tocá-lo, mas não podia. Satisfez-se apenas em olhá-lo com olhos
vazios e cheios de lágrimas. Ele permaneceu parado na soleira da porta,
esperando. Ela disse: "Minha casa é sua casa, podem entrar."
Ele entrou timidamente e sentou-se. Disse: "Não deu
certo, você sabe?"
Ela não sabia, mas não disse nada, apenas esperou. Ele
colocou as mãos no rosto e continuou: "É estranho."
Ela respondeu automaticamente: "Não vá." Sentiu-se
culpada depois e abaixou a cabeça. Um silêncio se instalou. Ele riu, foi ao
quarto, pegou uma blusa e estava saindo.
"Espere", ela gritou. Ele voltou e ficou perto
dela. Se olharam, ele foi até a mesa e deixou a blusa lá. Voltou perto dela, a
abraçou e fez o que sabia fazer melhor: pegou em sua mão e a guiou, como se
nada tivesse acontecido. Até aparecer a próxima garota, a próxima briga, a
próxima oportunidade.
Ela sabia que um dia ele desapareceria e não voltaria, mas
aceitava o risco de amar nas ruínas de um relacionamento, tornando-se aos
poucos uma ruína também.
complexo
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