terça-feira, 7 de novembro de 2023

Ruínas

 

Ela fechou os olhos, enquanto observava tudo acontecer. Não sabia o que dizer ou para onde ir. Parecia, naquele momento, que ela estava prestes a derreter, assim como tudo ao seu redor; tudo estava desmoronando lentamente.

A última frase dita ainda ecoava em sua boca: "Espere, ninguém te ama como eu te amo!" E o som da porta batendo também ecoava em seus ouvidos, uma batida seca e sem emoção, assim como o relacionamento deles: sem graça, assim como sua própria necessidade por aquele relacionamento.

Tudo estava amargo, tudo estava ruim, tudo desmoronava. Ela o procurou (tudo desmoronava), mas não o encontrou em casa (tudo desmoronava). Ela procurou todas as pessoas que conhecia, mas ninguém sabia (tudo desmoronando), ele finalmente a havia abandonado (tudo desmoronou). Meses depois, sua mente ainda estava turbulenta; ela se sentia inútil, e tudo parecia inútil para ela.

Finalmente, após vários dias de espera, uma noite, ela ouviu alguém bater à porta e correu para atender: era ele! Ela queria abraçá-lo, beijá-lo, tocá-lo, mas não podia. Satisfez-se apenas em olhá-lo com olhos vazios e cheios de lágrimas. Ele permaneceu parado na soleira da porta, esperando. Ela disse: "Minha casa é sua casa, podem entrar."

Ele entrou timidamente e sentou-se. Disse: "Não deu certo, você sabe?"

Ela não sabia, mas não disse nada, apenas esperou. Ele colocou as mãos no rosto e continuou: "É estranho."

Ela respondeu automaticamente: "Não vá." Sentiu-se culpada depois e abaixou a cabeça. Um silêncio se instalou. Ele riu, foi ao quarto, pegou uma blusa e estava saindo.

"Espere", ela gritou. Ele voltou e ficou perto dela. Se olharam, ele foi até a mesa e deixou a blusa lá. Voltou perto dela, a abraçou e fez o que sabia fazer melhor: pegou em sua mão e a guiou, como se nada tivesse acontecido. Até aparecer a próxima garota, a próxima briga, a próxima oportunidade.

Ela sabia que um dia ele desapareceria e não voltaria, mas aceitava o risco de amar nas ruínas de um relacionamento, tornando-se aos poucos uma ruína também.

 

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